O que Deus ajuntou … (h)

Cap. 7 — O padrão supremo do casamento aplicado à Igreja (Ef 5)

James V Patterson

Introdução

O ápice da revelação divina sobre o casamento é encontrado em Efésios 5. Com percepção profunda, Paulo revela doutrina baseada na verdade fundamental relacionada a Gn 2:24: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Efésios 5 é o monte alto do qual podemos avistar todos os aspectos do vínculo matrimonial. Ninguém que tenha compreendido a importância da doutrina estabelecida aqui pode, honestamente, justificar o divórcio, nem pensar em tomar outra esposa enquanto a primeira ainda vive. Alguns ensinam que a figura usada aqui não deve ser enfatizada demais, pois a morte danifica a figura, assim como o divórcio. Contudo, este não é um ensino sadio. Enquanto todos os casamentos são desfeitos pela morte, o vínculo entre Cristo e a Igreja não pode ser desfeito, porque nem uma das partes pode morrer. Na maioria dos casos onde ocorre o divórcio, embora não em todos, a razão principal é para facilitar um novo casamento. À luz de Efésios 5, isto rebaixa a majestade da expressão do matrimônio entre Cristo e a Igreja. Aqueles que rejeitam a continuidade do casamento por toda a vida negam na sua vida que Cristo e a Igreja são a expressão ideal do matrimônio, que estava no coração e mente de Deus mesmo antes da fundação do mundo. Uma apreciação desta verdade e das consequências práticas que isto exige dos casados, evitará o divórcio e o pecado de um novo casamento.



Von Allmen observa:
Ninguém pode arrepender-se do seu casamento, no sentido bíblico de arrependimento. Ninguém pode pedir perdão a Deus pelo que Ele próprio fez. Portanto, o casamento não está, de forma alguma, no nível de fornicação ou adultério, mas no nível santificado onde a vontade original de Deus é restaurada, e onde, por antecipação, a Sua vontade final já encontra o seu campo de ação dentro da igreja … Temos visto que a união entre Jesus Cristo, o único Senhor, e Sua noiva, a única igreja, é o verdadeiro fundamento teológico da monogamia cristã. Esta união também é a razão profunda pela indissolubilidade do laço conjugal. Os casais cristãos não podem livrar-se um do outro, mas precisam ficar — e ficam — inseparavelmente unidos, porque Jesus Cristo nunca virá outra vez em toda humildade para Se dar, por meio de uma nova cruz, a uma nova Igreja. O que o apóstolo escreveu em Efésios 5 perderia todo o seu sentido se a união do casal cristão fosse dissolúvel. A ideia de unir pessoas divorciadas, cujos cônjuges ainda vivem, em nome de Deus, nunca teria ocorrido na mente do apóstolo, porque é tão contrário a todo o seu ensino sobre o casamento. Tal ato tornaria Deus o autor de um adultério.
Os escritores deste livro concordam com esta opinião, e muitas outras citações poderiam ser dadas para apoiar nossa convicção.

Em termos gerais, a carta aos Efésios pode ser dividida em duas partes: os capítulos sobre posição e propósito (1-3), e os capítulos práticos (4-6). Podemos dizer que das alturas dos lugares celestiais, na primeira parte da carta, nós descemos para viver tudo isto no nível da planície, no nosso andar diário. Devemos ser na prática o que somos por nome; em condição, o que somos em posição. Seis vezes o filho de Deus é lembrado de como ele andava no passado, e instruído sobre como deve andar agora como cristão (veja 2:10; 4:1, 17; 5:2, 8, 15).

O leitor talvez poderia indagar se o andar cristão tem qualquer coisa a ver com o casamento. O andar do cristão deve demonstrar Cristo na união matrimonial. Se as virtudes de Cristo não são vistas neste vínculo, onde então serão achadas? O que está errado na sociedade de hoje onde tantos casamentos estão sendo desfeitos? Quando o divórcio é contemplado, onde está o amor que foi prometido no dia do casamento? Que afronta à comunidade cristã, que testemunho ao mundo, quando os votos feitos na presença de Deus e de testemunhas são arrastados através da sordidez da amargura! Quão sério é a infidelidade para com a esposa da sua aliança, a mulher da sua mocidade (Ml 2:15).

O tempo de namoro deve ser usado para averiguar a compatibilidade mútua. Realmente, tempo deve ser gasto para se conhecer um ao outro, orando juntos e vendo desabrochar o amor um para com o outro. A compatibilidade para o casamento é descoberta durante o período de namoro e noivado. Este tempo deve ser conservado no padrão moral mais elevado, enquanto a mente de Deus é buscada. Hoje em dia, talvez, os casais estão se precipitando, e frequentemente eles se casam somente por causa de atração física. Muitas vezes não dão tempo suficiente para o desenvolvimento do verdadeiro amor e compreensão, tão necessários antes de se assumir um casamento com maturidade.

O contexto do matrimônio em Efésios 5

Que padrão elevado é exigido de nós nos vs. 1-2: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”. Que grande dívida de amor nós temos! Quem pode negar este grande amor de Cristo para conosco, e este sacrifício tão aceitável a Deus? Mas, nos vs. 3-4 há seis pecados que devemos evitar, e que nem devem ser mencionados entre nós, “como convém a santos”.

Estes pecados imorais mencionados no v. 3 (prostituição, impureza e avareza) eram praticados, descaradamente, no mundo ao redor de Éfeso, tanto no mundo religioso como no social; e hoje são também praticados no mundo em que nós vivemos. Estas palavras repugnantes descrevem um tipo de amor pervertido, em contraste total com o amor sacrificial de Cristo. O que temos neste contexto é a sensualidade em toda a sua variedade repulsiva, em contraste com o verdadeiro amor. A sensualidade afeta as ações (v. 3) e também a fala (v. 4). As ações podem ser expressas na forma de “prostituição” (fornicação), que inclui todas as formas de pecado sexual ilícito; na impureza ou obscenidade, e na cobiça ou avareza. Também, a sensualidade frequentemente é revelada nas “torpezas”, que significa as palavras obscenas que geralmente conduzem à conduta vergonhosa. Também em “parvoíces”, que é a linguagem frívola dos insensatos, e em “chocarrices”, aquele humor grosseiro com seu duplo sentido.

Temos de notar cuidadosamente o que o v. 5 diz: “Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus”. O apóstolo aqui está lembrando os santos de uma verdade que já sabiam. Por que ele faz isso? Sentimos que esta passagem é muito solene e que não deve ser tratada superficialmente, porque traz ensino moral que precisava ser enfatizado naqueles dias em Éfeso, e também precisa ser enfatizado hoje.

Alguns usam o v. 5 para apoiar o divórcio e novo casamento, ensinando que se o novo casamento produz adultério perpétuo, como ensinado neste livro, então tais pessoas perderam a sua salvação, porque aqui diz que nenhum adúltero tem herança no reino de Deus. Mas isto é ensino falso ao extremo. Nenhum salvo pode perder a sua salvação, ou a “salvação eterna” não seria mais “eterna”. O que as Escrituras ensinam aqui, e o que é ensinado neste livro, é que quando uma pessoa crê em Cristo deve haver uma mudança na sua vida. O homem que deixa sua esposa e comete adultério, vivendo com outra mulher, e depois é salvo, deve no mínimo, sendo salvo, terminar esta associação pecaminosa. Talvez não seja sempre possível reconciliar-se com sua legítima esposa. Talvez ele tenha filhos com a outra mulher, e ficará responsável para sustentar tanto a ela e aos filhos, mas continuar vivendo juntos, que era errado antes de ser salvo, não pode ser certo agora que ele é salvo.

Hoje existem muitos tipos de problemas complicados relacionados com isso, e assim grande cuidado, e muita oração, são necessários da parte dos anciãos da igreja ao tomar decisões nestes casos. Contudo, não podemos permitir que os nossos corações nos governem acima das Escrituras, por sentirmos compaixão por muitos nesta situação. Temos sempre de lembrar da santidade da casa de Deus e da preservação do Seu povo. II Pe 3:17 nos lembra: “… guardai-vos de que, pelo engano de homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza”. É possível cair da firmeza, mas graças ao Senhor, nunca podemos cair da nossa salvação.

Se a verdade de Deus, em relação ao matrimônio e à santidade da vida do salvo, são apresentadas às pessoas envolvidas e elas continuam a viver em pecado, então a pergunta a ser respondida não é: “Será que perderam a sua salvação?” mas: “Será que realmente foram salvas?”

Para entender a força desta parte das Escrituras, temos de examinar detalhadamente os requisitos morais exigidos por Deus dos santos, indicados pelas palavras do v. 3: “… como convém a santos”. Devemos notar que a palavra de Deus nunca, em qualquer tempo ou maneira, permite qualquer forma de vida imoral, ou qualquer tipo de associação imoral. Aqueles que seguem este tipo de vida são chamados “filhos da desobediência” (v. 6). Embora seja a prática do mundo ao nosso redor, somos ordenados: “… não sejais seus companheiros” (v. 7). Éramos trevas, mas agora, como filhos da luz, temos de andar na luz (v. 8). Isto mostra a mudança de vida que ocorreu naqueles que foram libertados do reino das trevas. Será que esta mudança é vista nas nossas vidas? Estamos andando em amor, luz e sabedoria?

É óbvio que adúlteros salvos têm de mudar suas vidas e separar-se de associações impuras, e pelo seu batismo declarar a todos que deixaram o pecado. “Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6:1-2). Isso é bastante claro, e deve ser aceito sem disputa por todos os que querem seguir a Cristo.

Perguntamos, será que a salvação traz uma mudança de vida? Com certeza traz. Ninguém pode negar isso, e não é difícil encontrar confirmações na Bíblia. Em todos os casos de conversão na Bíblia, a evidência desta mudança é impressionante, como Efésios 5 está ensinando. Aquele que era o beberrão e dominado pelo álcool em Ef 5:18, agora é instruído a ser cheio do Espírito Santo — uma mudança notável; o ladrão de 4:28 recebe instrução para não furtar mais, e se nós aplicássemos os conselhos dados em 4:31-32 à esfera doméstica, não haveria problemas na vida matrimonial.

Qual a mudança esperada naqueles que são divorciados e que se casaram de novo e que estão vivendo em adultério? O que devem fazer agora, como salvos? A salvação não tira a sua condição pecaminosa, se ficarem juntos. É o casal mesmo que tem de remover este pecado. Todos que confessam a Cristo devem segui-lO. Como pode o adúltero seguir a Cristo e ficar numa associação sexual ilícita, tendo abandonado seu primeiro cônjuge e talvez até os seus filhos? O que diria o povo da comunidade em que esta pessoa é conhecida, se ela começar a distribuir folhetos, ou estiver presente numa pregação ao ar livre? Será que tal pessoa, sem mudar a sua vida, deve pedir o batismo? Nunca poderia ser correto para o testemunho, e muito menos para a comunhão da igreja de Deus. O Senhor disse: “… os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz” (Lc 16:8). Como isso é verdade! Eles conhecem os padrões que aqueles que confessam ser salvos devem ter, especialmente aqueles que se reúnem ao nome do Senhor. Em I Co 5:1 vemos como o pecado moral é sempre um assunto de muita fofoca, e assim, devemos entender as exigências do mundo sobre o testemunho da igreja local. Disto vemos como é necessário sempre considerar qual será o efeito do pecado moral e matrimonial sobre o testemunho local na comunidade, ou cidade.

Infelizmente, esta consideração nem sempre existe, e isto causa grande tristeza na igreja local, que precisa tratar do problema que está acontecendo no seu meio. O propósito deste livro é ajudar igrejas locais com estes problemas. Não deve haver interferência de irmãos de fora, mas os anciãos locais são responsáveis para guiar aquela igreja nestes assuntos. Lamentavelmente, muitos falham neste ponto. Paulo teve que perguntar aos coríntios: “Sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?” (I Co 6:2).

Será que devemos realmente acreditar que a salvação anula o primeiro casamento de alguém, e que assim é cancelada a sua obrigação para com seu primeiro cônjuge, e que agora, por causa da salvação, Deus reconhece o novo parceiro como cônjuge legítimo? Concordamos que a salvação cancela o pecado, mas será que o primeiro casamento era pecado? Aqueles que ensinam coisas diferentes precisam responder estas perguntas, e há muitas outras:
  • Como, quando e onde, estes novos convertidos devem começar a andar no caminho cristão em obediência à Palavra de Deus?
  • Como eles vão mostrar que houve uma mudança nas suas vidas desde que vieram a conhecer o Salvador?
  • Como eles irão começar a testemunhar a outros que conhecem a sua vida passada, e talvez conhecem o sofrimento que causaram ao primeiro cônjuge?
É aqui que muitos têm falhado; eles não tem levado em conta a importância do testemunho perante o mundo, diante do qual somos chamados a testemunhar. Às vezes temos recebido pessoas que professam ser salvas, temos batizado e recebido na comunhão alguns cujas vidas e associações impuras não lhes dão o direito moral nem de distribuir um folheto! Este é o triste resultado de negligenciar o valor do testemunho da igreja, e querer agradar aqueles que não têm o desejo de fazer mudanças nas suas vidas, para poderem recomendar o Evangelho e dar poder ao testemunho evangélico. Alguns se mudam para lugares onde não são conhecidos, mas isto, em princípio, não altera nada. Como os apóstolos, o nosso testemunho deve começar em (nossa) “Jerusalém”.

A epístola aos Efésios nos lembra do nosso passado, em 2:1-3, e do que éramos, e nos alerta enfaticamente sobre o que agora devemos ser como aqueles que receberam vida. A epístola enfatiza muito como devemos andar. Será que temos considerado, seriamente, os assuntos matrimoniais e morais no contexto do nosso testemunho na comunidade? Será que rebaixamos o padrão para acomodar amigos e parentes, ou para atrair mais membros? Qualquer que seja a razão, sejam amigos ou parentes, é muito errado agir desta maneira. O testemunho cristão já está fraco sem acrescentar à comunhão aqueles que não podem andar na verdade porque suas vidas não recomendam o Evangelho. Nunca devemos esquecer que há a possibilidade da profissão destes ser falsa, e que nunca foram salvos. Terrível é este pensamento, mas existe a possibilidade de alguns procurarem os benefícios da salvação sem estarem preparados a abandonar os seus pecados. É muito possível para uma pessoa ser convertida a um estilo de vida, mas não ser convertida, em verdadeiro arrependimento, a Cristo. Podemos estar encorajando isso se falharmos em observar o seu progresso espiritual. Podemos falhar por não falar com eles e aconselhá-los, especialmente se houve problemas de pecado matrimonial. “A religião pura e imaculada para com Deus, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1:27).

No cap. 5 deste livro aprendemos claramente o que os coríntios fizeram para manifestar logo a sua salvação, pois Paulo disse a eles em I Co 611: “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados”. O tempo do verbo “lavado” (voz média no grego) indica que lavaram-se a si mesmos. Em outras palavras, eles mesmos mudaram seus costumes e sua vida, até mesmo em relação ao adultério, e esta mudança foi demonstrada publicamente no seu batismo. Este é basicamente o ensino do cap. 5 de Efésios, com sua ênfase no andar do salvo. O ensino dado sobre a conduta moral e matrimonial também é visto em relação ao exemplo supremo dado sobre Cristo e a igreja.

Em Efésios 5 nós vamos ver as exigências elevadas e inflexíveis colocadas sobre aqueles que são responsáveis por manter seu vínculo matrimonial, e este é o propósito principal desta publicação. Todos que ensinam a palavra de Deus reconhecem que as estatísticas em relação ao divórcio e novo casamento são muito tristes. Devemos nos perguntar: será que nosso ministério está dando a orientação correta e divina àqueles que se encontram apanhados pela terrível correnteza de casamentos em ruínas? Será que temos dado respostas claras quanto à fidelidade matrimonial, ao amor na esfera doméstica, como ensinado nesta passagem, à fidelidade aos votos feitos no dia do casamento, à consideração do vínculo indissolúvel da união matrimonial, a não ser pela morte, ou pela vinda do Senhor? Não, infelizmente o ensino tem produzido confusão, enquanto se tenta acomodar aqueles que se divorciam e se casam de novo; neste final da dispensação, isso parece ser quase irreversível. Quase, eu disse, mas graças a Deus podemos mudar os maus efeitos do ensino fraco e novamente levantar bem alto o padrão que elevará o caráter das vidas cristãs neste mundo tenebroso de pecado. O padrão santo sobre aquilo que Deus instituiu no princípio pode novamente ser afirmado e defendido, contra todos os que ensinam diferentemente. Ao assim fazermos, não seremos participantes com eles, mas manteremos a nossa separação do mundo, nestas práticas. Como podemos fazer isto? Os versículos seguintes dão a resposta para todos os que estão preparados a seguir os padrões elevados ensinados nesta passagem.

Podemos ver neste capítulo as exigências do verdadeiro amor, aplicadas ao vínculo matrimonial. Não é sem razão que encontramos o ensino sobre o casamento nesta seção prática, porque nada exige tanto na nossa vida e testemunho como o amor.

O cap. 5 trata de relacionamentos, e pode ser dividido da seguinte maneira:
  • Relacionamento com o mundo vs. 1-14
  • Relacionamento um com o outro vs. 15-21
  • Relacionamento de esposas com maridos vs. 22-24
  • Relacionamento de maridos com esposas vs. 25-33
  • Relacionamento de Cristo com a igreja vs. 25-33
O assunto presente é considerado especificamente nos vs. 22-33.

O relacionamento de esposas com maridos (5:22-24)

Estes versículos são um decreto divino, e não como alguns dizem hoje em dia, “meramente o ensino de Paulo”. A autoridade do varão é ensinada em muitas Escrituras, e certamente é vista desde o princípio em Gn 3:16: “… e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. Nenhuma verdade mais elevada pode ser declarada para apoiar a autoridade vista no homem e reconhecida essencialmente no Senhor. Isso é básico na compreensão de Efésios 5, tanto sobre o vínculo matrimonial quanto sobre o supremo exemplo dos relacionamentos entre Cristo e a igreja.

“As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor” (v. 22, ARA) requer a submissão da esposa em reconhecimento da sua autoridade e liderança. A frase “a seus próprios maridos” é necessária para honrar o Senhor. A palavra “próprios” identifica o marido que pertence a ela (a esposa). Desde quando ele pertence a ela? Desde o momento quando fizeram aliança perante Deus e as testemunhas presentes, eles se tornaram um, isto é, “uma só carne”. Eles se tornaram um naquele momento em que fizeram a sua promessa, não na cama matrimonial, isto é, não na consumação. A aliança foi feita “perante Deus”, indicando que foi notada no Céu, por Deus, o Ouvinte silencioso dos votos declarados na Sua presença. O que isto pode significar para nós? O fato é que foi Deus quem os ajuntou, e agora eles pertencem um ao outro. O marido não cessa de pertencer à sua esposa não importa o que ele fizer, e vice-versa. O vínculo santo foi estabelecido e somente a morte, ou a vinda do Senhor para buscar a Sua igreja, pode desfazê-lo.

“… como ao Senhor” é uma lembrança ao leitor de que o Senhorio do Senhor é reconhecido pela sujeição e submissão da mulher ao seu marido. Ela age em submissão, como ao Senhor, pois é a Sua Palavra que requer isso.

Encontramos o exemplo perfeito para o marido no v. 23: “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo Ele próprio o salvador do corpo”. O marido é a cabeça da esposa, responsável pela liderança e autoridade. Direção e cuidado estão investidos no homem. A esposa submissa reconhecerá isto. Devemos notar a frase “sendo Ele próprio”. Cristo é o Cabeça da igreja, Ele dirige e cuida. Seu amor, continuamente, a alimenta e a trata com carinho. Ele é o Salvador do corpo. Ele é o preservador e protetor da Sua igreja. Que exemplo para o marido!

Temos a conclusão, no v. 24: “De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas aos seus maridos”. Aqui está o exemplo para as esposas. Não poderíamos contemplar a Igreja como não sendo submissa a Cristo. Ela O ama e O espera e está voluntariamente sujeita a Ele; de fato, Ele é o seu Amado. “Assim também as mulheres sejam em tudo …” O padrão certamente é alto, mas que exemplo para a esposa!

O relacionamento de maridos com esposas (vs. 25-33)

Vemos no v. 25 como o amor é exigido do marido: “Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela”. Aqui temos o exemplo supremo da união matrimonial. A Igreja é o exemplo para as esposas, no v. 24, e Cristo é o exemplo para os maridos, no v. 25. Notamos como este amor de Cristo foi expresso à Igreja. Ele estava pronto a Se entregar a si mesmo por ela. Quão linda esta demonstração do Seu amor! Este é o conceito mais sublime do relacionamento matrimonial jamais escrito. Paulo nos diz que é um grande mistério. Os exemplos da Igreja, para as esposas, e do próprio Cristo, para os maridos, são de fato padrões muito elevados, e são direcionados aos casados. Agora Paulo continua mostrando o que estava incluído no dar da Sua vida, e os grandes benefícios que este sacrifício trouxe à Igreja. Se os casados se esforçassem para manifestar estas características do relacionamento entre marido e esposa, exemplificadas na Igreja a Cristo e Cristo à Igreja, que determinação isto lhes daria para ficarem juntos e vencerem juntos todas as muitas tribulações e tentações que se apresentam ao verdadeiro vínculo matrimonial. Hoje em dia o sagrado vínculo matrimonial é o alvo de Satanás e suas hostes infernais. As forças do inferno atacarão esta instituição divina, pois ela reflete o amor e a harmonia entre Cristo e a Igreja.

O motivo pelo qual Cristo se deu a si mesmo pela Igreja é “para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” (v. 26). Esta santificação tonaria a Igreja santa e separada, e esta purificação livrá-la-ia de toda a poluição e corrupção. O tempo do verbo no original mostra que Cristo já fez isso, uma vez por todas. Ele fez isto “com a lavagem da água, pela palavra” — isto é, nós entramos no valor do que Ele fez quando cremos na Palavra do Evangelho que ouvimos.

O propósito divino disso é apresentado: “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (v. 27). O verbo “apresentar” significa que a Igreja ficará ao lado de Cristo. Ela aparecerá como:
  • Uma igreja gloriosa — honrada e vestida de branco;
  • Sem mácula — sem mancha ou poluição;
  • Sem ruga — sem os efeitos de idade ou preocupação;
  • Santa — sagrada e pura;
  • Irrepreensível — sem culpa ou vergonha.
A noiva deve toda a sua glória a Cristo, e no Seu dia nupcial Ele a apresentará a Si mesmo (veja Ap 19:7-9).
A conclusão incontestável é dada no v. 28: “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”. Temos de perguntar: será que é isso que está acontecendo nos casamentos de hoje? Será que há uma compreensão da verdade ensinada aqui, e em outras partes das Escrituras? Ou, será que nossos ensinadores têm falhado em comunicar esta mensagem sobre as exigências feitas a ambas as partes? Será que pessoas têm entrado no vínculo matrimonial sem o devido preparo? Será que os exemplos citados aqui não tiveram nenhum efeito nos muitos que se divorciam e até se casam de novo? Esta passagem não permite o divórcio. Não há outra para Cristo, a não ser a Sua amada, a Noiva. Não há outro para a Igreja. Cristo é o seu Amado. Que Deus nos perdoe pela omissão de ensinar e apoiar os elevados padrões necessários para manter o vínculo santo do matrimônio!

A responsabilidade do marido para com sua esposa está detalhada no v. 29: “Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta como também o Senhor a igreja”. Ao amar a sua esposa um marido:
  • Promove o bem dela pelo seu sacrifício de amor, ao dar-se a si mesmo por ela;
  • Preserva-a de perigo ao amá-la, como ao seu próprio corpo;
  • Apresenta-a aos amigos, como sua companheira e auxiliadora por toda a vida;
  • Pastoreia-a nutrindo-a, apreciando-a e suprindo todas as suas necessidades.
O v. 29 ensina que quando o marido supre as necessidades da sua esposa, ele está nutrindo “seu próprio corpo”. Isso nos ajuda a entender o que significa ser “membro do Seu [de Cristo] corpo” (v. 30). No v. 31, Paulo cita Gn 2:24: “Por isso deixará o homem seu pai e mãe, e unirá a sua mulher; e serão os dois numa só carne”. Foulkes nos ajuda aqui:
Agora, finalmente temos a citação de Gn 2:24, que tem influenciado os pensamentos do apóstolo. Esta afirmação tirada da história da Criação é a mais profunda e fundamental, em todas as Escrituras, sobre o plano de Deus para o matrimônio. É o supremo baluarte da Igreja contra os argumentos de permitir a continuidade da poligamia nas culturas onde foi encontrada; é o supremo argumento contra a promiscuidade; é a suprema razão contra a possibilidade da Igreja aceitar a dissolução do casamento pelo divórcio.
O grande mistério “a respeito de Cristo e da igreja” revelou a mente e o propósito de Deus de ter uma noiva para o Seu Filho. Quando Deus formou Eva e trouxe a mulher ao homem, foi um tipo, ou figura, do Seu propósito para Cristo, antes da fundação do mundo, quando Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Agora, porque o mistério já foi revelado, nós podemos entender a verdade de que Cristo e a Igreja são uma figura do casamento que estava no plano de Deus desde antes da fundação do mundo.

Quando lemos no v. 33: “assim, também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido”, observamos que em algum ponto pelo caminho perdemos o significado profundo do casamento, e por isso estamos precisando resolver todo tipo de problema matrimonial hoje em dia. Este versículo não precisa de explicação. Os dois cônjuges são responsáveis para agir dentro da esfera dada a cada um eles. Temos de estar preparados para isto, pois precisa haver compreensão mútua e consideração madura, com toda a paciência necessária para demonstrar que os dois têm realmente se tornado um. O amor, se for verdadeiro, suportará qualquer prova no casamento.

Ao chegarmos ao fim do nosso comentário sobre este cap. 5 de Efésios, nossa oração é que os leitores permitam que a luz da Palavra de Deus penetre nos seus corações. Os exemplos aqui em Efésios 5 são dados para nos esclarecer sobre a solenidade do vínculo matrimonial, e sobre as responsabilidades dos casados e daqueles contemplando o casamento. O exemplo supremo que Deus nos tem dado neste capítulo é de Cristo e a Igreja, e de como a Igreja se porta em relação a Cristo.

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