Lembrar do Senhor não é lembrar só da Sua morte.
Leitura: Lc 22:19; I Co 11:24 e 25
É de suma importância observarmos, com toda prudência, as palavras proferidas por nosso Senhor Jesus Cristo em Lc 22:19, no que diz respeito à celebração da Ceia do Senhor.
No exercício do privilégio que nos foi concedido pelo Senhor de lembrarmos dEle, temos observado que muitos irmãos queridos e sinceros não avançam no conhecimento desta verdade fundamental que deve caracterizar todo sacerdote, para que o serviço da adoração seja o mais perfeito possível.
Estamos fazendo referência a fatos que presenciamos nas celebrações da Ceia do Senhor, mediante manifestações de adoração de alguns irmãos, nas quais mencionam que ali estão para recordar a Sua morte, mantendo somente neste ponto a sua apreciação deste glorioso feito do Senhor.
Quando o Senhor mesmo nos ordenou a celebrar a ceia, Ele disse: “Fazei isto em memória de Mim”. Isto indica que há algo mais do que Sua morte, por mais preciosa e gloriosa que tenha sido. O valor da morte do Senhor está além da nossa capacidade de avaliação, mas apesar disto temos visto, segundo a nossa capacidade, os seus eternos resultados, já manifestados em nossa vida; seu valor total só pode ser contemplado pelo Pai, que ficou plenamente satisfeito com os resultados conquistados.
A obra da glorificação do Pai, da redenção do pecador e da vitória completa sobre Satanás não consiste apenas na morte do Senhor, por mais gloriosa que tenha sido. Se o Senhor tivesse permanecido na morte não haveria redenção, nem sacerdote, nem adoração, porque permanecendo na morte não seria vencedor, e sim vencido. Mas graças sejam dadas a Deus, aquele que morreu é o mesmo que ressurgiu (I Co 15; Ap 2: 8). Portanto a morte do Senhor foi apenas um estágio no glorioso plano de redenção, por meio do qual o Bendito Senhor efetuou uma obra perfeita e completa. Por isto a Sua preciosa instrução não poderia ser diferente: “Fazei isto em memória de Mim”.
Estamos plenamente convictos de que em cada parte que engloba a preciosa vida do Senhor — seja em Sua manifestação em carne, assumindo a nossa forma, seja em Sua ressurreição, como Homem glorioso — vemos inserida esta memorável instrução: “Fazei isto em memória de Mim”. Posso contemplá-lo na Cruz, fazendo-Se maldição em meu lugar, assim como posso contemplá-lo ressurreto como o grande Vencedor e adorá-lo porque Ele é digno da minha (nossa) adoração.
O pecador é aceito na presença de Deus em toda fragrância e perfeição da obra redentora do Senhor Jesus Cristo, e as Escrituras nos apresentam cada partícula desta obra nos mínimos detalhes, para que, no exame delas, possamos adorar aquele que é o centro e a razão do serviço sacerdotal da adoração.
Onde quer que nos detemos para apreciar esta obra, o brilho que dali emana é somente glória; se contemplarmos a cruz e ali virmos o Cordeiro de Deus pregado; se penetrarmos no raiar do primeiro dia da semana e ali contemplarmos o Senhor ressuscitado, o que veremos? Que brilho poderá sair dali? Somente o brilho da glória, seja para atender as exigências do trono de Deus, seja para suprir as necessidades dos pecadores. E, sem qualquer dúvida, eis a razão porque o inspirado apóstolo diz em Rm 4:25 e 5:1: “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação. Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.”
O adorador só pode chegar com ousadia (Hb 10:19) na presença de Deus na posse desta paz, que é o fruto da justificação, resultado da ressurreição do Senhor, após ter-se entregado voluntariamente por nós.
É por isto que não podemos isolar nada daquilo que compreende a obra redentora da cruz. O conjunto dos acontecimentos antes, no momento e depois resultam numa obra que foi efetuada por uma única Pessoa, e daí a preciosa instrução: “Fazei isto em memória de Mim”, e não em memória de uma parte desta obra.
Irmãos, vamos apresentar aos nossos corações o que Paulo disse a Timóteo: “grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória” (I Tm 3: 16). A Ele seja todo louvor, honra e glória pelos séculos dos séculos, amém.
J. B. Carneiro
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